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Colecionadores de Campos contam como o hobby se transformou em paixão

As coleções encontradas pelo Terceira Via vão desde quadrinhos e vinis até garrafas de vodka

Campos
Por Redação
27 de julho de 2015 - 17h51

O que para alguns pode ser considerado um simples objeto, para outros, o mesmo item ganha proporções de relíquia, independentemente do seu valor material. É que os colecionadores fazem do hábito de comprar e guardar produtos — dos mais variados gêneros — uma verdadeira paixão e não resistem em investir tempo e dinheiro nesse hobby. Em Campos, a reportagem do jornal Terceira Via encontrou colecionadores que se dedicam a aumentar e preservar a coleção e não abrem mão de suas peças por qualquer quantia.

É o caso biólogo Maxoel Barros Costa, de 40 anos, que possui cerca de 5 mil exemplares de revistas e livros em quadrinhos, mas, para ele, a coleção é “bem modesta”.  Maxoel começou a guardar os exemplares favoritos desde os oito anos, mas a “brincadeira” ficou séria aos 14. Quando questionado sobre a razão que o levou a colecionar, ele respondeu que “a sensação é boa”.

Os xodós da coleção de Maxoel são o box com todas as tirinhas de Calvin e Haroldo, The Complete Calvin and Hobber, do Bill Watterson; os encadernados originais Miracleman, de Alan Moore; e a coleção completa de Starman, de James Robinson. “Mas, atualmente estou na fase de curtir quadrinhos independentes e europeus, além de mangás (quadrinhos japoneses) adultos. De certa maneira, eu gosto mesmo é de uma boa história”, afirmou. Ele disse que pretende manter a coleção “até morrer” e sonha que seus futuros filhos mantenham a chama acesa, “mas nem todos têm essa sorte”, lembrou.

O maior dilema enfrentado pelos colecionadores, segundo o biólogo, é o local de armazenagem. Antes de casar, Maxoel guardava as revistas em estantes de arquivos de metal, mas a esposa não gostava da aparência. A solução encontrada foi comprar um guarda-roupa exclusivo para a coleção, mas parte dos exemplares ainda está em caixas de papelão no sótão da casa. “Futuramente pretendo construir estantes de madeira, com portas de vidro, para deixar os exemplares à mostra e protegê-los da poeira”, disse.

O servidor público Márcio de Aquino, de 56 anos, e o fotógrafo Wellington Cordeiro, de 43, também passam pelo mesmo problema. Os dois colecionam vinis e possuem 2 mil e 2,3 mil discos, respectivamente. Márcio disse que a coleção o está expulsando do próprio quarto, mas Wellington optou por reservar um cômodo somente para os vinis e outros itens que coleciona, como equipamento de som e fotografia, cédulas e revistas de terror.

As coleções de Márcio e Wellington são bastante variadas, mas os estilos musicais favoritos de ambos são o rock (progressivo, fusion, dos anos 50/60, etc) e o samba de raiz, além dos discos raros. Mas Wellington ainda possui uma coleção à parte, com vinis de músicos campistas.  “Tenho discos de Roberto Ribeiro, Ronaldo Lopes, Aluísio Machado, Joel Teixeira, Décio Carvalho, Evaldo Braga, Zezé Mota, Banda Kalevala, Avyadores do Brazyl, 4º Reich, Moises França, Eli Miranda, Sebastião Mota, Wilson Batista, Dom Américo, Traz a Massa, Athaíde Dias, entre outros. Desses eu não me desfaço nunca, tenho um carinho especial!”, declarou o fotógrafo. A paixão de Wellington é tão grande que ele escolheu os discos de vinil como tema do Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Artes, apresentado em 2013.

Tanto Márcio quanto Wellington abastecem as coleções em sebos e principalmente na internet, que trouxe facilidades para colecionadores de quaisquer itens. A professora Aline Melila Licurgo, de 26 anos, também encontrou na web um incentivo para dar continuidade à sua coleção de selos. Aos 12 anos, ela ganhou a coleção do avô, decidiu manter o hábito e mais tarde se filiou a um clube online de Filatelia. Hoje Aline já perdeu as contas de quantos selos tem. “Tenho selos nacionais, internacionais, promocionais, de edição limitada, alguns de 1950… Enfim, são muitos. Eu os guardo em álbuns próprios para colecionadores, mas pretendo deixá-los expostos”, disse.

A vontade de expor a coleção é compartilhada pela estudante Mariana Jaccoud, de 25 anos, que guarda suas 51 moedas em um pote enquanto não coloca em prática o desejo de fixá-las em um painel na parede. Ela começou a colecionar aos treze anos com as moedas que a tia trazia de viagens internacionais. Um namorado da adolescência também ajudou a aumentar a coleção e hoje são os amigos que contribuem com o hobby.

Mariana tem moedas da Ucrânia, Holanda, França, Cuba, África do Sul, Dinamarca, Rússia, Polônia, Irlanda, Chile, Bolívia, Argentina, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Croácia, Portugal, Uruguai e Estados Unidos da América. “Ainda estou aguardando as moedas de Istambul e da Grécia que duas amigas vão trazer de viagem. Só de pensar que existem 191 países no mundo… Tenho quase nada!”, destacou.

Outro colecionador campista é Márcio Carline, de 30 anos. Ele é um exemplo da sabedoria popular que diz: “homens não crescem, o que muda é o tamanho dos brinquedos”. Nos últimos três anos, Márcio gastou R$ 2,7 mil em miniaturas de super-heróis e vilões da Marvel e DC Comics. São 60 “bonequinhos” em chumbo guardados com esmero na estante da sala. “Quando criança, eu tinha muitos bonecos e adorava. O tempo passou, mas a paixão não”, disse.

As miniaturas são compradas em bancas de jornal e também pela internet com valor médio de R$ 50 a R$ 60, mas quem pensa que a coleção é um desperdício de dinheiro, está muito enganado. Atualmente, comprar miniaturas tornou-se um investimento. Algumas peças compradas por R$ 40 podem ser vendidas por até R$ 200 em sites como Mercado Livre, por exemplo.

Júlio tem mais de 50 garrafas de Absolut Vodka (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas a coleção mais curiosa encontrada pela reportagem foi a de garrafas de Absolut Vodka. O bancário Júlio Trindade, de 28 anos, possui nada menos que 50 garrafas, desde aquelas com embalagens “clássicas” até as edições especiais.  “A primeira da coleção foi uma garrafa estilizada do pintor Romero Brito, que fez uma série limitada para a Absolut. Como eu a achei muito bonita e diferente, resolvi pesquisar mais sobre a empresa. Isso já faz dez anos…”, lembrou.

Júlio tem a coleção completa da Absolut com sabores; tem miniaturas; tem as edições limitadas, como a Karnival, lançada em 2014 para o carnaval do Rio de Janeiro, e outras em parceria com artistas e estilistas; tem as edições em homenagem a diversas cidades; tem as edições premium, uma com teor alcoólico mais alto, outra à base de champanhe e a terceira curtida em barril de cobre; entre outras.

“Desde novo sempre gostei de coleções. Colecionar garrafas de vodka é divertido, porque passa a ser mais um motivo para beber com os amigos. Não consigo deixá-las cheias por muito tempo”, brincou.

Independente do objeto ou da motivação para guardá-los, as coleções são como tesouros. Você conhece alguém que coleciona outros itens além dos enumerados na matéria? Conte para o Terceira Via nos comentários!